terça-feira, 2 de junho de 2009

Ainda no tópico "poesia". Falo daquilo que todo mundo sente, mas ninguem quer falar.

Chega discretamente, inevitável.
Ai essa vontade, essa vontade.

Sem se fazer perceber, toma conta de mim;
sem me deixar pensar,
deixa-me apenas uma opção,
como o fez a Esfínge à Édipo:
era saciá-la ou ser devorado.

Essa vontade, essa vontade.

Dia após dia,
me vem essa vontade,
mal percebo o quanto ela me domina,
pois dia após dia ela me vence,
essa vontade.

Da agonia de acabá-la vem o alívio,
do alivio de saciá-la fica o vácuo, o nada.
Quando voltará essa vontade?

Há aqueles desvairidos que a cultuam,
quase vendo nela a razão de viver;
fazem rituais elaborados toda vez que a sentem chegar.
Exagero? talvez,
mas o certo é que ninguém está a salvo.
Essa vontade, essa vontade.

Há ainda aqueles que a negam. Pagam caro.
Há os que desconversam,
falam que a detesta, que têem vergonha dela;
mas ela vem,
e de se assalto lhes toma as rédeas,
mesmo nas horas impróprias,
os fazendo ir ao limite da sanidade,
à lugares que jamais imaginaram ir,
tudo para saciar essa vontade.
Ai, essa vontade.

E do que falo já sinto,
cá está ela à espreita.

Certamente irei lutar,
mas ela não desistirá,
e lentamente vai ganhar,
essa vontade que me dá...

essa vontade de cagar.

Ai, essa vontade, essa vontade.

2 comentários:

  1. Me identifiquei:
    "Há aqueles desvairidos que a cultuam,
    quase vendo nela a razão de viver;
    fazem rituais elaborados toda vez que a sentem chegar."

    De quem é a poesia, Lord?

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  2. Minha, claro. pergunte ao google e à wikipedia. campeã no compeonato mundial de poesia de 2006, sediado em Pasárgada.

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Isto NÃO é uma democracia.